12 de fevereiro de 2010

O Carnaval e a falsa felicidade?

Ou deve ser apenas um up na bateria pra aguentar o ano?

Quinta-feira, véspera de Carnaval. Todo ano que começa ouvimos aquela velha frase "Ah, mas o ano só começa mesmo depois do Carnaval...". Sinceramente não gosto muito do Carnaval. Acho muito bacana a mobilização das comunidades para fazerem uma bela festa nos Sambódromos, tanto em São Paulo e no Rio. Mas me pergunto, e se todo o dinheiro usado fosse repassado para a melhoria dessas comunidades?

Talvez a resposta esteja no fato de que uma tradição, tão grande quanto o tamanho das Escolas de Samba, é algo que vai muito além de dinheiro. A paixão, o amor que aqueles pessoas depositam naqueles minutos de desfile é algo inexplicável. E talvez ai esteja a beleza do Carnaval brasileiro. Não sou 100% contra. Acredito sim que o povo merece seu momento de diversão e fuga da rotina dura do dia-a-dia. Acaba se transformando em esperança e carrega as baterias para o ano que acabou de começar.

Todo ano penso no Carnaval como uma "desculpa" para o brasileiro, até aquele que não curte e não se joga nas festas, para adiar o começo do ano. Como se realmente o ano começasse depois do Carnaval. Acho que ai mora o problema do nosso país. Fico imaginando como seria se todos trabalhassem para o crescimento do Brasil com o mesmo ânimo e esforço que é feito para construir uma alegoria. Ou a disposição de enfrentar quilômetros e quilômetros seguindo o trio elétrico.

Tudo bem, ninguém pensa nisso mesmo. Afinal de contas, todos precisamos nos divertir certo? Mas o peso que a cultura brasileira sofre por causa do Carnaval é tão grande, que talvez seja necessário questionar se vamos querer para sempre sermos conhecidos como o país do Carnaval, do futebol, da caipirinha. Tem tanta coisa boa nesse país, e talvez escondemos, tanto o que é bom quanto o que é ruim, em troca de quatro dias de folia que é também uma forma de muitos ganharem rios e rios de dinheiro em cima da alegria alheia.

Que fique claro aqui que não sou um anti-Carnaval. Sonhava em tocar em uma bateria de Escola. O que me incomoda é o fato de, assim como usamos o futebol, transformamos essa festa que precede a Quaresma, em um negócio muito mais sério do que realmente deveria ser. E já que retornei ontem com o futebol e que vai ser sempre presente por, o Carnaval é só uma vez por ano. Mas a atenção as prioridades que o povo brasileiro deve ser sempre ser vista e revista.

Se hoje a atenção dos holofotes está voltada para quem tem as melhores fantasias, os melhores carros, os melhores silicones, antigamente era somente a mais pura e simples diversão. Os famosos blocos carnavalescos, que infelizmente inspiraram aquele coisa chamada trio elétrico (e que pra mim não faz parte do Carnaval coisa nenhuma, afinal de contas, CARNAVAL É SAMBA MINHA GENTE!), existiam para alegrar a cidade e trazer canções que traziam a esperança e o sonhos de dias melhores. E se a alegria ainda hoje permanece, está fantasiada ou turbinada pelas transmissões caríssimas e chatas.


Sim, fato é que o ano só vai começar pra valer depois do Carnaval. E sim as baterias vão estar carregadas para mais um ano de lutas, suor e lágrimas.

Bom Carnaval pra quem vai cair na fólia. E até 2010, quando a última serpentina tocar o chão e quarta-feira de cinzas começar!
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