14 de junho de 2011

X-Men: Primeira Classe

Ainda há esperança fora da Marvel Studios...
...foi com essa sensação que sai da sala após a exibição de X-Men: Primeira Classe (X-Men: First Class, 2011). Após as decepções de X-Men 3 - O Confronto Final e a aventura solo de Wolverine, confesso que não via a hora da Marvel, que já havia arrebentado com Homem De Ferro, a nova versão do Hulk e recentemente com Thor (escrevo sobre ele em breve aqui!), consertar o mar sem fim de "boas intenções" (leia, encher os cofres de grana) da Fox em trazer os mutantes mais famosos das HQ's às grandes telas.

Mas, apesar do resultado final fraco dos últimos dois chutes da Fox, os dólares entraram no caixa. E o que poderia ser mais uma decepção para aqueles que curtem os X-Men, surpreende de forma muito, mas muito positiva.

Confesso que não me agradou a ideia de "primeira classe". Contar uma origem depois de filmes que tinham um histórico que foram do bom, excelente, decepcionante e triste (respectivamente para o primeiro X-Men, X-Men 2, X-Men 3 e Wolverine) era algo arriscado. Talvez a última tentativa em mostrar pra Marvel que a coisa poderia ser consertada. Mesmo tendo uma campanha de divulgação pífia, se comparada ao tamanho que a marca X possui.

O maior trunfo dos X-Men está na questão político-social que permeia todas as discussões do filme. A questão comportamental é pedra fundamental de toda a história. É possível discutir assuntos de relevância para toda a sociedade e é isso o que mais atrai milhares de nerds para esse mundo. E inserindo-se no mundo real, as HQ's também buscam mostrar ao leitor que aceitar o que você é, e se mostrar perante a sociedade, enfrentando as dificuldades, é algo que deve ser feito. São "bandeiras" que o filme levanta. E mostra os dois lados de como se pode fazer isso. A ambiguidade da questão até pode parecer confusa para aqueles que não estão acostumados em ver sujeitos com roupas estranhas (e poderes mutantes) discutirem política, comportamento...assuntos mais próximos do que denominamos importante.

É inevitável não entrar nessas questões antes de apresentar o enredo do filme que segue da formação do grupo liderado pelo Professor X, ou Charles Xavier (James McAvoy) e como ocorreu o fim da grande amizade entre ele e Erik Lensherr (Michael Fassbender, excelente), ou simplesmente Magneto.
A história se passa na década de 60, com o mundo vivendo as tensões da Guerra Fria entre EUA e Rússia (na época União Soviética). Em meio a eminência de uma guerra nuclear entre as potências, somos apresentados a um recém-formado Charles Xavier, que junto com sua irmã adotiva, Raven, mais conhecida com Mística (Jennifer Lawrence, que rouba a cena durante toda a fita), busca por outros mutantes para complemento de suas teses e estudos de genética. Quando a ameaça da guerra se torna real, graças aos planos de Sebastian Shaw (Kevin Bacon, surpreendente!) que pretende colocar os dois países um contra o outro.

Em torno disso, somos apresentados a um Erik revoltado e amargurado em busca de vingança. E ao conhecer Xavier, vê que é possível ter total controle de seus poderes, não apenas pela raiva e ódio por si só. A parceria entre Xavier e Lensherr é o que dá o start ao projeto X, inicialmente financiado pela CIA. Saem em busca de outros mutantes, com a ajuda da humana Rose Byrne (Moira MacTaggert). Somos apresentados então a Alex Summers, o Destrutor (Lucas Till), Hank McCoy, o Fera (Nicholas Hoult), Sean Cassidy, o Banshee (Caleb Landry Jones), Armando Muñoz, o Darwin (Edi Gathegi) e Angel Salvadore, a Angel (Zoe Kravitz). Do lado de Sebastian Shaw, temos Emma Frost (January Jones), não com a mesma grandeza das páginas impressas, e Azazel (Jason Flemyng) e Maré Selvagem (Álex González), só pra enfeitarem a ação com cenas bacanas.
Formado o lado do "bem" e o lado do "mal", temos então um grande filme sendo montado. O foco central, formado por Xavier, Eric e Raven é centrado na discussão de aceitação. As ideias contrárias do futuro professor Xavier e Magneto são definidas na base da aceitação. E Mística é o foco. A maior (e melhor) questão colocada no filme, está em uma cena em que Magneto pergunta a ela: "Como se aceitar como você é, sendo que faz um esforço enorme para esconder isso?". Profunda tendo em vista que estamos falando de um blockbuster de Hollywood. Mas o maior trunfo da criação mor de Stan Lee está no peso da discussão. Preconceito, aceitação, negação, autoconhecimento...são palavras que ficam no ar o tempo inteiro.

E como todos (ou quase todos) já sabemos onde tudo isso vai dar, fica só mesmo a curiosidade mórbida de saber como tudo se desenrola na tela (já que algumas mudanças foram enormes se comparadas a história original da primeira classe). Méritos ao roteiro escrito a 10 mãos (tudo pra dar errado, mas deu certo), liderados pelo velho de casa, Bryan Singer, que resolveu voltar à franquia e a direção segura de Matthew Vaughn que conduz com maestria o elenco que entrega atuações excepcionais.
"A maior surpresa do ano!". "Um novo recomeço". "Novas possibilidades". Um grande filme que mostra que finalmente a sétima arte está conhecendo a nona arte. E assim, X-Men ressurge carregado pela maior máxima que pode existir: qualidade antes da quantidade.

Trailer:


Ficha Técnica
X-Men - Primeira Classe (X-Men - First Class) - EUA - 2011 - 132 min. - Ação / Aventura
Direção: Matthew Vaughn
Roteiro: Bryan Singer, Ashley Miller, Zack Stentz, Jane Goldman, Matthew Vaughn
Elenco: James McAvoy, Michael Fassbender, Kevin Bacon, Rose Byrne, Jennifer Lawrence, Beth Goddard, Morgan Lily, Oliver Platt, Álex González, Jason Flemyng, Zoë Kravitz, January Jones, Nicholas Hoult, Caleb Landry Jones, Edi Gathegi, Corey Johnson, Lucas Till, Laurence Belcher, Bill Milner
Site Oficial: www.x-menfirstclassmovie.com/
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